quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PERFECT GAME por Altenir Silva

Walter Mondale (ex-vice-presidente dos EUA – no governo de Jimmy Carter) revelou na revista THE NEW YORKER - conforme link abaixo: http://www.newyorker.com/talk/2010/09/27/100927ta_talk_mayer
que o Obama está passando pelo mesmo conflito que o Jimmy Carter sofreu quando esteve no comando dos EUA. E arrisca um palpite que o desfecho vai se repetir.

Não sei se a comparação é pertinente, mas há algo a temer por aí. Pois quando Jimmy Carter perdeu para Ronald Reagan – acho que foi por passar um mandato mais de olho no Oriente Médio do que para dentro do seu país, parecia um sujeito enlouquecido para comprovar que a Paz era possível – acabou virando um personagem imaginado por Samuel Beckett onde a loucura sistematiza a tragédia. E o Carter, impotente de suas razões, foi obrigado a engolir a vitória dos republicanos, em que um ator modesto finalmente triunfava não em Hollywood, mas na estratosfera política mundial.

A partir daí nasceu uma ERA, um jeito de resolver as coisas metralhando os núcleos.

E o mundo foi... foi pro abismo existencialista dos comunas arrependidos do bem social. Uma fossa do amor perdido dói mais que a miséria do Terceiro Mundo. Só resta gritar: “Mais fortes são os gestores do povo!”.

Esse tempo passou e deixou saudade! Será? Só se for saudade de quando a esquerda tinha argumento... agora não há mais nada a fazer... isto é... somente o triunfo do Obama pode redimir os novos anos dourados... pois se lá der certo... aqui – Brasil – também pode dar.

O Obama, que entrou para fechar o game, mesmo encontrando a base lotada, vai ter que lançar sua bolinha com a fúria, igual o Mariano Rivera faz pelos Yankees, para conseguir um strikeout, e quem sabe, salvar o jogo.

Esperamos que o prognóstico do Walter Mondale não se concretize, e que esse jogo possa ser virado. E o presidente Obama, nos contemple com um Perfect game. Nunca é tarde para sonhar... ou já está na hora de acordar? Levanta Brasil!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

UM HOMEM CHAMADO MACEDO por Altenir Silva


Nome: José Luiz Carvalho Macedo. Luiz para a família e Macedinho para os amigos. Com um nome pomposo desses podia ter sido advogado, médico ou quem sabe um arquiteto. Não se formou em nada disso, mas acabou sendo as três coisas ao mesmo tempo. Como advogado, tinha o dom da palavra, convencia todo mundo facilmente, talvez por acreditar no que falava. Como médico, prestava atenção em tudo quanto era doença. Gostava de ficar especulando sobre as curas e tratamentos, e de vez em quando, até arriscava um diagnóstico. Algo que tomou gosto do tempo em que trabalhou numa farmácia. Aliás, aplicava uma injenção como ninguém. E como arquiteto, ele adorava construir mundos e sonhos. Sonhava muito. Passava horas e horas fazendo planos, e sempre com a firme decisão de começar tudo na segunda-feira.

Pois é, há quinze dias ele nos deixou. Um acidente estúpido num momento de vacilo e lá se foi o Macedinho (fiquei muitos anos sem conviver com ele, mas éramos tão próximos que esse tempo passado nada significou).

E de repente, me vem uma imagem do Macedo chegando ao céu. É claro que dando bronca:

MACEDO – Que merda é essa? O que aconteceu?

E eis que um anjo se aproxima dele:

ANJO – Calma, rapaz! Aqui não é lugar para escândalos!

MACEDO – Calma, o cacete! Eu quero saber o que aconteceu! Você vai me explicar?

ANJO – Você... você fez a passagem... agora está no céu!

MACEDO – O quê? Você tá me dizendo que eu tô no céu? Que morri? É isso?

ANJO – Isso mesmo! Agora você pertence ao nosso mundo!

E ele mais alterado ainda:

MACEDO – Nunca! Mas nunca mesmo! Eu não nasci pra morrer! Eu quero falar com quem manda aí...

ANJO – Sinto muito, Ele não vai poder te receber!

MACEDO – Chama Ele! Eu quero saber que sacanagem é essa de me chamar antes da hora! Eu tenho tanta coisa pra fazer lá embaixo, é muito cedo pra vir pra cá!

E o Anjo já perdendo a paciência.

ANJO – Escuta aqui! Você foi chamado e é bom se conformar! E depois, eu já estou cansado de todo mundo que chega aqui, vir com a mesma ladainha de que chegou antes da hora!

MACEDO – Já vi que você é peixe pequeno, não manda nada aqui... vá chamar Ele! Vá chamar Ele, senão eu vou ficar azucrinando todo mundo aqui!

Dito isso, Macedo não resistiu e começou a vociferar palavrões, deixando o Anjo sem graça e chamando atenção de vários outros anjos que por ali passavam.

É claro que não demorou muito e Ele apareceu. Isso mesmo, Deus foi obrigado a intervir porque o Macedo não dava descanso de sua gritaria.

Quando Deus chegou. Foi um silêncio só.

DEUS – O que está acontecendo por aqui?

O Anjo explicou a situação, contou que o Macedo estava muito bravo por estar ali. Então, Deus se aproximou dele e falou.

DEUS – Por que você acha que veio cedo demais pra cá?

MACEDO – Muito simples! Eu tinha muita coisa pra fazer lá embaixo, acho uma tremenda sacanagem o Senhor ter me trazido tão cedo.

DEUS – Olha, vou te dizer uma coisa meu filho. Você não sabe, mas realizou tudo o que tinha pra realizar lá embaixo. Você ajudou muitas pessoas, incomodou outras, você amou e foi amado, odiou e foi odiado, brincou, sofreu, sorriu, fez coisas feias, mas também coisas bonitas. Sua missão foi cumprida. Agora você está aqui no céu, porque mereceu.

MACEDO - Quer dizer que não volto mais?

DEUS - Voltar? Por quê? Você não partiu! Saiba que todos que te amam nunca vão te deixar partir!

MACEDO – Pera aí! Explica esse negócio direito!

DEUS – Eles vão te ter para sempre! Sabe por quê? Porque você passou para cada um próximo a você, uma lição importante, você ensinou a amar, mesmo quando estava odiando, você ensinou a ser forte, mesmo quando estava fraco, você ensinou a ter coragem, mesmo quando se acovardava.

Macedo ainda tentou argumentar. Não queria aceitar o fato de estar ali. Mas Deus é Deus e o convenceu de que a hora era certa e que não tinha mais nada para o Macedo realizar no plano terrestre .

Então, Deus colocou sua mão no ombro do Macedo.

DEUS – Luiz! Você fez o que tinha que fazer. E posso te garantir uma coisa, você nunca vai ser esquecido por quem te ama. Lá embaixo, todos, mas todos sempre vão te carregar dentro do coração. Agora se acalme, porque tem um monte de gente que quer te ver.

E o Macedo agora um pouco mais conformado, mas sempre cabreiro:

MACEDO – Quem?

E Deus abriu uma porta e lá estavam todos que o conheciam:

Os avôs, o pai Macedão, os amigos, o sogro Bolinha e outros parentes.

Todos o aplaudiram. E Macedo se juntou a eles e felizes começaram a trocar informações sobre as últimas da Terra e as novas do Céu.
PRÓXIMA PARADA DO JETER: BROADWAY?
por Altenir Silva




Foto do Site: http://blog.prorumors.com/2010/05/rumors/derek-jeter-asks-others-not-to-spoil-american-idol-finale-until-he-can-watch-it-at-home/


Simplesmente sensacional a jogada do Derek Jeter no último jogo dos Yankees contra os Rays de Tampa Bay (15/9/2010) pela MLB, no Tropicana Field.

Ao encenar que fora atingido pela bolinha, nosso ator-jogador além de avançar para a primeira base, provocou a saída do Manager dos Rays Joe Maddon.

Não é à toa que o Jeter tem trabalhado em alguns filmes e na televisão (Os outros Caras (2010), Tratamento de Choque (2003), além de participações nos seriados “Seinfeld e Saturday Night Live”).

O Derek Jeter provou que o Baseball também pode ser uma comédia, algo divertido e muito engraçado. É claro que o suspense dos últimos innings, com dois jogadores ‘out’, a base lotada, o lançador buscando forças para disparar a bolinha igual a um tiro de canhão, e o rebatedor suando frio, ainda é o grande barato do Baseball, mas também é muito bacana assistir esses momentos bem-humorados.

O jogo terminou 4X3 pra os Rays. Se os Yankees tivessem vencido o jogo, com certeza, o Derek Jeter ia merecer uma indicação ao Emmy. Como perderam, só ficou a imagem engraçada que vocês podem conferir no link abaixo:

http://bats.blogs.nytimes.com/2010/09/16/derek-jeters-emmy-worthy-performance/?ref=baseball

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A NARRATIVA E O NARRADOR por Altenir Silva


Uma história bem contada é o resultado de uma série de fatores vivido pelo seu contador. Não acredito que alguém encontre a maneira certa de contar uma boa história por seguir uma cartilha ou uma pretensão de romper com os padrões narrativos. O que importa é o momento e a situa-ção enfrentada pelo roteirista. Exemplo: Imaginem que num vagão de trem estão três homens, são eles: Quentin Tarantino, Steven Spielberg e Woody Allen. De repente, surge um casal. Os dois estão discutindo, não dá pra ouvir o que eles falam. Após algum tempo, o homem, num ge-sto transloucado, avança sobre a mulher e a estrangula, deixando os nossos três cineastas de boca aberta e sem reação. Após o homem matar a mulher, ele se atira do trem. Quando o trem chega na estação, os três cineastas, testemunhas do crime, são chamados para prestarem de-poimentos. Na sala do investigador, Tarantino é o primeiro a depor. O investigador, ao invés de perguntar como foi que aconteceu o crime-suicídio, ele quer saber do depoente a sua opinião sobre a tragédia, pois tanto o assassino como a vítima estão mortos e não há mais nada a fazer, o investigador precisa apenas cumprir sua rotina. Tarantino, pára por uns 38 segundos, e logo dispara a sua metralhadora verbor-rágica sobre o que teria levado o casal àquela tragédia:
VERSÃO DE TARANTINO
Eles estavam indo para Boston. Ele acabou de sair da cadeia - estava cumprindo pena por assalto à banco - mas antes de ir preso, deixou o dinheiro dos seus assaltos para o irmão da moça depositar num banco. Não é que o rapaz resolveu aplicar a grana na bolsa de valores, com-prando ações da rede de lanchonete HAMBURGATTOR, que após servir lanches estragados, faliu e afundou com todos os seus investidores. A grana não existe mais e o cara só descobriu isso um pouco antes de em-barcar no trem. A moça defende seu irmão e para piorar a situação, a idéia de investir o dinheiro com as ações da lanchonete foi dela. O cara, agora sem grana e ainda tendo que cumprir a condicional, enlou-quece e sem perspectiva de vida, acaba matando a moça.
VERSÃO DE WOODY ALLEN
Os dois embarcaram no trem para uma viagem de lua-de-mel. O rapaz é um professor de filosofia; enquanto a moça é uma crítica de arte moderna. Se conheceram numa sessão de cinema de arte que exibia "POCILGA" de Pasolini. Ele já havia visto o filme mais de oito vezes. Ela estava vendo pela primeira vez. Quando a luz acendeu anunciando que sessão terminara, os dois descobriram que estavam sentados lado a lado, e num efeito mágico pós-filme, começaram uma conversa sobre "vida, divindade e morte". A conversa durou a noite inteira e se prolongou até o final do dia seguinte - foi então que descobriram que a conversa ia ser mais longa do que o previsto e decidiram se casar. Na viagem de trem, o ra-paz percebe que é impossível viver em um mundo assim, e num gesto transloucado, ele a estrangula e depois se mata, acreditando que os dois possam ser felizes em uma outra dimensão.
VERSÃO DE SPIELBERG
O jovem casal apaixonado estava fugindo de suas famílias. Os dois man-tinham um namoro escondido, pois seus pais são concorrentes nos negó-cios de fabricação de chips - Tudo começou quando um descobriu que o outro estava realizando espionagem industrial - A guerra foi declara-da, só que a ironia do destino fez com que seus filhos se apaixonas-sem. Impedidos de viver essa paixão, eles fogem de trem e simulam o crime-suicídio, tipo Romeu e Julieta, todos vão pensar que os dois es-tão mortos, mas na verdade, eles estão felizes em alguma cidade do Mé-xico. O investigador então pergunta para Spielberg de quem são os corpos que foram encontrados (o corpo da moça ficou no trem e o corpo do rapaz fora encontrado perto do trilho). Spielberg diz que isso é a lógica, a realidade, e o que mais importa pra ele é o sonho. O inves-tigador passa a mão em seu bigode (ele tem um) e dispara: "SE VOCÊ PREFERE O SONHO, POR QUE PRECISA DA REALIDADE?" Spielberg responde: "COMO SABEREI O QUE É O ALÍVIO, SE NUNCA SENTIR A DOR?"

MORAL DA HISTÓRIA
"A explicação da realidade está na lógica do absurdo."